A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E AS CARICATURAS DO PROFETA MUHAMAD (SWS)

“atentado terrorista islâmico”

Mais uma vez o mundo assiste manchetes de um “atentado terrorista islâmico”, onde um suposto muçulmano teria decapitado um professor por conta de caricaturas do Profeta Muhamad (SWS).

Ocorre que nenhum órgão de imprensa aborda o assunto de maneira imparcial, sempre buscando generalizar toda a religião por conta de atos individuais de pessoas, havendo práticas constantes de islamofobia.

O Profeta Muhamad (SWS)

Para nós muçulmanos o Profeta Muhamad (SWS) é uma personalidade amada, onde qualquer insulto a ele fere diretamente a identidade religiosa dos muçulmanos, sendo esta sagrada como em qualquer credo, devendo assim haver respeito.

O Alcorão não ensina matar ninguém especificamente por insultar o Profeta. Seria, portanto, um erro reduzir toda uma identidade cultural a uma questão estreita de lei religiosa, onde muitos querem relacionar.

Mesmo que pudesse haver ambigüidade ou interpretações variadas do grau em que representações do Profeta (SWS) são proibidas, não há ambigüidade sobre a violência ou assassinato de alguém por tal motivo.

Nenhuma blasfêmia poderia ser mais hedionda do que esse crime de tirar a vida de alguém, onde eventual desrespeito e pratica de fake news em relação a qualquer religião, deve ser afastada pelo devido processo legal e não permitindo a quaisquer pessoas fazer justiça com suas próprias mãos.

O problema maior que os desenhos realizados ou quaisquer publicações referentes ao islã buscam provocar, criar o ódio, de fazer com que as minorias sejam sempre submissas aos preceitos da maioria, vindo a liberdade de expressão ser utilizada apenas como escudo, e não como mecanismo de informar a verdade.

ISLAM E TERRORISMO 

Quando verificamos atos terroristas que não se identificam como seguidores do islã, ninguém relaciona a religião da pessoa, tratando aquele ato como um crime praticado de forma individual, demonstrando assim o objetivo principal de criar o ódio em relação aos muçulmanos.

Se analisarmos os maiores crimes praticados seja no Brasil e no mundo, atos de corrupção, pedofilia, estupros, assassinatos, os mesmos não são praticados por muçulmanos, onde não se identifica a religião destas pessoas, porém quando ocorre o contrário já há toda uma correlação com o islam.

As lições das condições do passado e do presente nos mostraram que qualquer tentativa de desenhar uma caricatura do Profeta testemunhou reações agudas que freqüentemente resultam em violência. No entanto, se alguém olhar para o caráter do Profeta Muhammad (SWS) e seguir a história de sua vida, logo perceberá que o Profeta (SWS) sempre detestou a violência, mesmo em circunstâncias muito convincentes. Ele sempre preferiu o ramo de oliveira à espada e ensinou seus seguidores (Sahabas) a dar preferência à paz, mesmo que a contraparte.

O Alcorão, por exemplo, equivale um assassinato para o assassinato de toda a raça humana (05:32), e considera perseguição e desordem na terra como um crime ainda pior (2:217). Ele coloca a ênfase na paz, justiça e direitos humanos. Ele eleva a liberdade de consciência e de credo e proíbe castigo por blasfêmia.

Uma história muito surpreendente, mas autêntica, pode ser mencionada aqui: “A história menciona uma vizinha do Profeta (SWS) que fez o possível para irritá-lo jogando lixo em seu caminho todos os dias. Um dia, quando ele saiu de sua casa, não havia lixo. Isso fez o Profeta perguntar sobre a velha e ele soube que ela estava doente. O Profeta foi visitá-la e oferecer qualquer ajuda de que ela pudesse precisar. A velha ficou extremamente humilhada e ao mesmo tempo envergonhada de suas ações diante da preocupação que o Profeta (SWS) lhe mostrou”. Mais tarde, ela aceitou o Islã. 

Esta história como inúmeras existentes ensina a todos que o amor e a compaixão podem conquistar o coração de qualquer pessoa. Portanto, todos devem tomar medidas de fraternidade e amor, em vez de protestos violentos, mesmo diante de extrema hostilidade. 

O Profeta Muhammad (SWS) nasceu no ano 570 DC; hoje, mais de 1.400 anos após sua morte, sua influência ainda é poderosa, e cerca de dois bilhões de pessoas de todas as origens ao redor do mundo acreditaram em sua integridade, caráter, evidência, legado e abraçaram o Islã. Conceitos errôneos sobre o Islã aparecem porque as pessoas aprendem sobre a fé com as notícias, e não com o Alcorão e o profeta. Uma vez que a religião seja estudada a partir das fontes corretas, ficaria claro que tal zombaria da religião e do profeta está longe da verdade.

Liberdade de expressão é o “direito de expressar suas ideias e opiniões livremente, sem causar deliberadamente danos ao caráter e / ou reputação de terceiros, por meio de declarações falsas ou enganosas”. A liberdade de expressão não é um direito sem limites. Embora não haja justificativa para o ataque ocorrido, deve-se notar que as caricaturas como parte da liberdade de expressão não podem ser desfrutadas de uma forma que deprecie os direitos e a dignidade de outras pessoas. As garantias legais que impedem as pessoas de infringir os direitos e a liberdade de outras pessoas, enquanto exercem seus direitos à liberdade de expressão, precisam ser claramente definidas.

O mais importante é que a sociedade saiba destes valores do islã como código de vida e religião, onde mais de 25% da população mundial são muçulmanos, e não aceitam qualquer ato de violência, sendo um crime generalizar toda uma coletividade por atos individuais, onde ninguém ganha nada rebaixando as religiões, humilhando-as e fazendo caricaturas delas.

GIRRAD MAHMOUD SAMMOUR
PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JURISTAS ISLAMICOS-ANAJI

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