A situação da mulher muçulmana na política

A mulher muçulmana

As mulheres muçulmanas são mulheres como todas as outras e passíveis das mesmas formas de discriminação, para além das questões religiosas. Em uma análise política no Brasil, segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral-TSE as mulheres são a maioria do eleitorado, totalizando 52% do eleitorado brasileiro.

Islam, Mulher e Política 

Sobre a questão das mulheres muçulmanas na política, o Islam garante Direitos Humanos e o Direito das Mulheres desde o início da Religião.

O que deslegitima o Direito das mulheres muçulmanas é a falta de: Empatia, Respeito e a Intolerância Religiosa, para além do Discurso de Ódio, o qual reduz mulheres muçulmanas ao estigma da opressão. A Constituição de 1881 acabou com a monarquia e instituiu o voto direto no Brasil, mas o voto feminino só veio em 1932. A conquista do voto feminino foi uma luta coletiva, porém as condições, para que de fato ocorresse, não contemplaram a todas as mulheres visto que era necessário: saber ler e escrever, ser empregada, com renda fixa e alfabetizada, o que segregou mulheres negras do direito ao voto.

Basta lembrar que somente a pouco tempo, a LEI COMPLEMENTAR Nº 150, DE JUNHO DE 2015 que dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico; possibilitou as ajudantes do lar, a regulamentação da profissão, que foi passada de geração a geração, o que impossibilitava o acesso à escola por exemplo, já que muitas começaram nas casas de família desde a infância.

O voto feminino negro foi de fato validado apenas em 1964, com a Lei de Direitos Civis. O mesmo ocorre com mulheres muçulmanas no mundo, que têm seu direito de voz negado, sendo coagidas a tirarem o véu, sem poder ao menos falar sobre a sua própria identidade.

É mister neste instante relembrar que o Islam, permite desde a época do profeta que as mulheres tenham direito e acesso ao voto, e voz ativa na comunidade, portanto a negativa desse direito não é um impedimento proveniente da religião. De modo geral, as mulheres ainda têm muito o que conquistar no mundo inteiro, seja no âmbito social, familiar ou em questões de emprego e renda.

Entretanto a pluralidade feminina deve ser respeitada, uma vez que as mulheres são muitas e de diversas culturas, nacionalidades, religiões, classes, etc.Em tempos de ações humanitárias de extrema relevância e mobilização social em prol de minorias de gênero e raça, faz-se necessário o debate sobre a intolerância religiosa e o racismo religioso no ambiente de trabalho.

Quem aqui não conhece uma mulher muçulmana que teve o seu acesso a uma vaga de emprego cerceado pelo preconceito?

Aqui na ANAJI nós reiteramos sempre o nosso compromisso, sobre o Direito à Liberdade religiosa, para que as mulheres sejam livres dentro de suas escolhas e que sua identidade religiosa seja respeitada em todos os espaços.

Em um processo de violação de Direitos a vítima sempre tem direito a voz, a falar por si mesma e expor suas dores. No processo do discurso de ódio religioso, a mulher muçulmana é caracterizada como vítima e segregada pela sociedade, sendo acolhida, apenas retirando o véu, ou não, já que o véu serve apenas como um identificador direto da religião e muitas mulheres sofrem intolerância religiosa também, quando se identificam enquanto muçulmanas. O uso do véu islâmico é mais do que uma prática religiosa, mas um ato de coragem nos dias atuais com o avanço da Islamofobia, em países ocidentais. Contudo, a Intolerância Religiosa vai muito além das agressões que são rapidamente identificadas, mulheres muçulmanas de véu passam por micro agressões latentes em nossa sociedade: rejeição em oportunidades de emprego, rejeição pela família, no caso das convertidas, brincadeiras que perpassam pelo discurso de ódio, para além da dificuldade de relacionamento afetivo, o que causa a solidão da mulher muçulmana, em busca de um parceiro ideal.

Apesar de todas as dificuldades, a mulher muçulmana é forte e corajosa e para além da visão errada de muitas pessoas, o problema não está no uso do véu, mas no Preconceito, na Intolerância Religiosa e na Islamofobia.

O princípio da igualdade, está presente em nossa constituição, como um direito fundamental, o qual nos iguala em relação a nossos direitos e obrigações. Vale ressaltar que, apesar de termos os mesmos direitos, esses direitos nem sempre conseguem atingir a todos de maneira igualitária, devido as individualidades de cada pessoa.

É devido a tais particularidades que existem direitos diferentes para corrigir desigualdades, falta de oportunidades e discriminações, por meio do princípio da equidade, a fim de atingir a chamada justiça social. A sociedade é plural, mas todos devem ter o seu direito respeitado e sobretudo o acesso à justiça!

O Islam e a mulher

O Islam promove a oportunidade que mulheres exerçam o seu direito de voz, voto, herança e divorcio que permite às mulheres serem responsáveis sobre a tomada de decisão, junto com os homens. Não ter conhecimento sobre tudo não é a parte grave da desinformação. O que é grave, é se utilizar de um falso conhecimento para emitir opiniões e garantir a veracidade de fatos que desconhece.

Logo, antes de abordar, comentar ou discutir sobre qualquer que seja o tema é necessário um conhecimento prévio para que não emita um discurso de ódio ou intolerante. A palavra dita não volta atrás, porque seus efeitos são impressos em pessoas que sofrem diariamente com o mal do preconceito gerado pela desinformação.

Sendo assim a mulher muçulmana pode estar na política, se candidatar em qualquer cargo que ela desejar, a religião não só garante isso, como estimula através da capacitação e da busca pelo conhecimento, para que cada muçulmano ou muçulmana possa escolher o seu próprio caminho.

Só o conhecimento não apenas da religião, mas sobre qualquer área que contribua para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da vida em sociedade pode garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública e adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres.

Quezia Barreto 
Diretora de Comunicação e Divulgação da ANAJI
mulher muçulmana
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